sábado, 27 de março de 2010

FãNÁTICA;


Passei a semana toda dormindo só por duas horas, imaginando a roupa que eu iria usar, que sapato iria colocar, qual maquiagem eu devia combinar, e meu desespero estava apenas no começo. Liguei pra Lu. "Eu vou entrar no camarim! E farei isso com ou sem você." A Lu era do tipo que não duvidava de nada, ainda mais vindo de mim. "Tudo bem, espero você na saída. E por favor, não seja presa." Andei de um lado pro outro o dia todo procurando o que arrumar. Fui dormir cedo, ou ao menos tentar. No outro dia com o nascer do sol eu me colocava de pé. Meu sorriso era o maior e mais perfeito, não havia pessoa no mundo que estivesse mais realizada que eu. Juntei todo dinheiro do lanche, mais o da gorgeta da Srª Nelma com a entrega do jornal, durante cinco meses, e hoje, aqui estou eu com 'meu' ingresso na mão e o coração também, vou ser a primeira da fila, a primeira da multidão, vou entrar no camarim, vou beijá-los e abraçá-los e ainda tirar uma foto de recordação. A Lu tinha a cara de quem não dorme a seis dias, quase se arrastava ao meu lado, enquanto eu, parecia ter ingerido umas cinco latas de Red Bull, estava eufórica e agitada, meus olhos cintilavam, meu coração batia a mil por hora. Finalmente eles entraram no palco, depois de 14 horas na fila debaixo do sol, era mais que recompensa vê-los, estavam lindos, perfeitos, minha garganta pedia socorro depois dos gritos ensurdecedores, mas nada me faria parar, a música e meu coração batiam juntos numa sincronia perfeita, depois de uma hora e meia de show, a última música, e a minha chance de me posicionar.
Fiquei bem ao lado do palco, debaixo da enorme caixa de som que fazia meu corpo inteiro estremecer com suas batidas, dali eu via uma pequena porta no fundo que só Deus sabia onde iria dar, andei como quem não quer nada, abri e entrei. A luz era forte e muitas pessoas uniformizadas circulavam, com fones nas mãos, celulares, presentinhos e garrafinhas d'água. Seria fácil alguém notar uma garota rabiscada da cabeça aos pés com "Sou sua fã nº 1", porém tentava agir da forma menos abalável possível, entrei numa sala com espelhos e figurinos, um pouco bagunçada, e concluí que não era ali. Fui em direção a próxima porta, e podia ouvir os gritos ensudercedores da platéia enlouquecida do outro lado. quando entrei na porta marrom haviam vários papéis espalhados pelo chão, algumas cadeiras desarrumadas, e coleções de camisetas, não podia ser ali, de repente ouvi barulhos e corri para atras de um armário fiquei lá até que meu cérebro obedecesse minhas ordens novamente. Quando saí uma mulher veio ao meu encontro desesperada "O que você está fazendo aqui? É uma ganhadora? Já devia estar no camarin! Vai agora! Não pode andar por aí sozinha." Quase não controlei um desmaio, meus músculos me impediram de me mover um centímetro, quando ela estava à uns quatro passos de distância se virou e disse "Ei mocinha, porta branca! Vai ficar aí parada?" Então eu percebi que a sorte bateu com força, e alguma força não identificada do meu corpo conseguiu me guiar até a ultima porta do corredor a 'Porta Branca' escrita com letras garrafais 'Camarin', minhas mãos tremiam tanto que minha primeira tentativa de abri-la falhou, mas eu consegui. Três meninas me olharam com ar estatalado, estavam de pé, nervosas e histéricas, no mesmo nível compulsivo que o meu. Uma delas me estendeu uma das mãos e nós ficamos assim, em completo silêncio, ouvindo apenas as batidas do coração e a gritaria do lado de fora, quando aquelas cinco beldades cruzaram a porta, sorrindo e molhados de tanto suor, se não fosse minha outra metade para me manter de pé, teria tido uma parada cardíaca e morrido de felicidade instantânea, abracei um de cada vez com toda força que reuni, e beijei também, consegui juntar todos eles e tirar minha bela foto, que era muito pouco provável pelo fato de todas as meninas estarem com a euforia em estado de pico e tremiam muito. Missão cumprida e sonho realizado. Quando uma morena entrou em nossa sala e disse "hora de ir meninas, saiam por aqui" e com olhar desconfiado, ela olha a prancheta que carrega, provavelmente com a quantidade das ganhadoras do dia com o ídolo e diz, "como entrou aqui? Quem deixou você passar?". Perguntas que jamais seriam respondidas por mim, eu simplesmente me virei e corri para o corredor com o maior e o melhor sorriso, enquanto minhas beldades me davam tchau e riam da minha loucura de FãNATICA.

quinta-feira, 25 de março de 2010

A arte de ser;

Ser é nascer, nascer e crescer, aprender com a vida, não ter medo de seguir, de cair, de sentir, ser é chorar, gritar e compartilhar, ser é sentir, olhar, cheirar e amar. Então, ser é cativar, é plantar, cultivar e colher. Ser não é apenas existir, ser é participar e sorrir, ser é mudar e também se adaptar. Porém ser é sofrer, correr, sobreviver, ser é dignidade, bondade e verdade, ser é seguir em frente com todas as coisas na mente, e não deixar de plantar a semente. Ser é contar as nuvens do céu, olhar o sol nascer e se pôr, sonhar acordado e dormindo, pular de felicidade, ver um avião decolar, gargalhar com vontade. Ser é não deixar de acreditar, não perder a fé, e não parar de sonhar, não deixar de lutar. A arte de ser, se encontra em você, porque ser é viver!

Fechamento;

Casa vazia. Normal. Tratei de procurar rapidamente o chão do meu banheiro, fiquei lá durante umas duas horas, olhos inchados, cabelo bagunçado, vida de pernas pro ar, a toa, com muita crise pra poucos problemas, meu cérebro maquinando uma mudança radical, um alto crescimento, rápido, doloroso e eficaz. Pensei em ligar pra Malu, e dizer que estava me mudando pra outro estado e nunca mais voltaria a vê-la. Então, super infantil, nada criativo e nem um tanto de eficácia, mudei de plano, poderia levantar, tomar aquele banho que renova a alma, e compor músicas, passatempo preferido do meu ego, do meu bem estar, mais duas semanas de aula de violão e eu me livraria do tédio para sempre, então meu raciocínio voltava aos poucos e eu pensava ordenadamente. Tomei um banho, peguei uma caneta um caderno e sentei embaixo da escada, chão gelado, brisa boa, calmaria, então as músicas fluíram perfeitamente.
Liguei pras meninas convocando uma reuniãozinha, na manhã seguinte, e elas chegaram num pulo.
- não me diga que você resolveu agarrá-lo na frente de todo mundo?
Malu realmente me enlouquece, de onde ela tira essas idéias?
- não Malu, jamais faria isso! Ele tem uma namorada, se lembra disso?
- seria lindo se ele largasse a namorada por você.
July deu uns suspiros descontrolados com os olhos pairados no nada, eu e Malu olhamos com aquela cara de interrogação uma pra outra, preferimos não dizer nada.
Conversamos durante horas, fiquei feliz por ter amigas tão legais quanto Malu e July, passamos por umas loucuras, por culpa do meu acesso de paixão ensandecida por um comprometido desconhecido. Resolvemos comemorar nossa nova fase num barzinho novo que abriu, e ainda íamos comemorar o aniversário da July. Malu estava super ‘quasenamorando’ o tal primo bonitinho do Rafael é mole? Pois é, eu July somos as encalhadas ‘sóficando’ da vez, e olha que a July foi a que sempre namorou a vida inteira, mas agora ela quer curtir a solteirice, e eu como não tem jeito mesmo vou curtir com ela. Nem pense que eu parei de fazer loucuras por amores complicados, e pessoas impossíveis, é apenas o começo de tudo de novo.
Então parei de correr atrás do ‘papa-léguas’, sem falar que voltei aos meus horários certos de aula, pra não ter que passar por tudo outras vez, preciso me preparar pra uma próxima aventura maluca, e palmas para a evolução!


Então; não é o fim de tudo, mas é o Fim dessa aqui :)

Beijosteligoo