domingo, 15 de novembro de 2009

inacreditável;

O clima era estranho, lógico, eu estava muda e com uma cara de paisagem que nem eu havia presenciado antes, eu poderia ter dado uma desculpa qualquer e ido embora pra não ter que passar por aquilo, mas não o fiz, e agora ele estava de pé ao meu lado me acompanhando como uma guarda costas. Imagino como ele deve estar se divertindo. Que droga, essa tal paixão não me fez bem algum. Calei meu pensamento ao ver que ele tentava gesticular alguma coisa.
- o que?
Porque eu sou assim? Ele não havia me feito pergunta alguma. Mas desse jeito não dava pra continuar quis puxar assunto. E como eu não estou num dia de sorte, não tenho o que dizer a não ser “o que?”.
- sabe, eu a compreendo perfeitamente, não precisa ficar maquinando alguma coisa pra me dizer, e nem precisa me impressionar também. Quis te fazer companhia porque não estava mais agüentando de fato ficar nesse shopping, mas se minha presença está tão incômoda, já podemos nos despedir, e eu já sou crescidinho, não vou ficar magoado.
Paft! Foi como um golpe na barriga, eu já sabia que estava tendo uma crise interna comigo mesma, mas não pensei que estivesse tão claro. Corei. Não havia escapatória a não ser me desculpar.
- desculpe, está tão na cara meu desespero pelo chão do meu banheiro?
- o que?
Imagino o que ele deve ter pensado, me veio uma vontade intensa de gargalhar, porque foi exatamente isso que ele fez com minha insanidade. Chão do banheiro? Isso era apenas uma guerra dentro de mim, qual foi a minha intenção de dizer isso a ele? Tem como piorar? Ah, tem sim.
- olha, lembra do que eu te falei? Do péssimo dia que estou tendo? Pois então, não dê muito crédito pro que digo, não será nada muito coerente.
A cara que ele olhava pra mim, era como se estivesse olhando pra uma menina de 15 anos, que estava em crise de existência e gostaria de se jogar de um penhasco. Bom, o caso não era o mesmo, mas a ideia poderia me cair como luva.
- tudo bem, estou peneirando o que você diz faz um tempo. Percebi que o caso era grave.
Ele soltou um sorriso largo e simpático. Sim, ele era uma graça, eu poderia afogar minhas mágoas naqueles lindos braços bem torneados, não poderia? Me peguei babando por ele num surto momentâneo, mas ele me interrompeu quando eu quase caí.
- ei! Pode se equilibrar, por favor? Vem cá, segure no meu braço.
Ele pegou meu braço e segurou em volta do dele, estremeci com o toque. Até que não é tão ruim conhecer pessoas num dia péssimo, acho que até me saí bem. Uma garota me fitou de longe, enquanto eu andava de braços dados com o salvador do dia, por um longo minuto ela me encarou como se estivesse entender a cena que via, mas depois resolvi parar de olhar, não fazia muito sentido pra mim. Bom não fazia mesmo nenhum sentido pra mim. Mas ela veio em nossa direção decidida, sem tirar os olhos dos meus, então eu parei.
- conhece aquela menina vindo em nossa direção?
Cutuquei Rafael para que ele pudesse vê-la, e abruptamente ele me largou, me fazendo desequilibrar e quase cair de cara no chão, sorte um estande de bolsas está ali quando se precisa. Arregalei os olhos pra reação dele. Ele se pôs na frente da menina que vinha mais rápido e segurou seus braços enquanto ela gritava.
- quem é ela? O que pensa que estão fazendo? Ficou maluco? Perdeu completamente a noção? Responde Rafael!
Minhas pernas bambearam, minhas mãos ficaram geladas e tive a sensação de um jato quente cobrir meu rosto, estava pasma. Ele tinha uma namorada, e ela estava bem na minha frente tentando me matar. Mais que espécie de pé frio eu sou? Nenhum cara solteiro pode ser aproximar de mim? Quem me jogou essa maldição? Fiquei completamente sem ação. Parada. Imóvel.
- Laila, pare de gritar!
Ele lutava com seus braços em raiva, com a menina que fazia um pequeno “barraco” dentro do shopping, e o pior: eu estava no tal “barraco”.
- então me fale! Quem é ela? Seu cretino! Não tinham um lugar melhor para desfilarem juntos? Idiota, me solte!
Enquanto ela berrava me fulminando com os olhos, eu não conseguia me mover, eu costumava ter esse tipo de reação diante de brigas, ficava completamente imóvel, em tranze, como se tivesse sido hipnotizada. Gostaria de correr, sim, correr pra bem longe, mas minhas pernas não obedeciam ao meu comando, eu fitava pasma a menina aos berros, e o Rafael tentando acalmá-la.
- Emily! Eeeei! Emily!
Por que eu estou ouvindo vozes, esse garoto nem sabe meu nome, será que estou tendo um desmaio? Ou estou presa num mundo do qual não consigo sair? O que está acontecendo?
- Emily!
Quando consegui me concentrar na vida real novamente avistei minhas amigas correndo junto com os meninos na minha direção, berrando meu nome pelo shopping, nunca presenciei uma cena tão constrangedora. Havia uma pequena multidão vem volta da menina escandalosa, Rafael e eu. Não conseguia acreditar.
continua...

sábado, 14 de novembro de 2009

sem sentido;

- oi, tem alguém sentado aqui do seu lado?
Pelo amor de Deus, que pergunta é essa? Ele não ta me dando uma cantada não né? Emmy, menos! Ele só quer ser educado, pensa assim. é óbvio que esse é o tipo de pergunta completamente tosca, e hoje é um dia péssimo pra um assunto qualquer com qualquer indivíduo, mais enfim. Olhei pra ele tentando abrir um meio sorriso, que ficou péssimo por sinal.
- não, tudo bem, o lugar está vago.
Assenti completamente desinteressada.
- estou esperando meus primos terminarem de rodar pelo shopping, não agüento ficar perambulando de um lado pra outro assim, é um saco.
Ele disparou a falar, sem que eu ao menos desse esse tipo de brecha. Olhei incrédula pra ele na primeira frase, sem conseguir me concentrar no que ele dizia, enfim ele se calou.
- ah desculpe pelo desabafo.
E sorriu meio sem graça.
Me encolhi com meu desprezo, me senti mal, não quero sair por aí sendo uma completa imbecil por culpa de um idiota. Ai, estou pior do que eu previra, talvez precise de terapia intensiva. Resolvi dialogar, talvez fosse a melhor coisa a fazer.
- também deixei minhas amigas andarem sem mim, estou exausta.
Tentei outro meio sorriso, estava sendo infeliz quanto a isso. Não sei disfarçar mesmo.
- afim de um desabafo?
Ele se virou a mim, tão simpático que me deixou encabulada. Talvez isso tivesse me deixado um tanto à vontade.
- paixão platônica. Conhece?
Ele riu, isso me fez rir também, e dessa vez com uma leveza normal e transparente sem muito esforço.
- conheço muito bem! Você ta sofrendo desse mal?
Fiquei muito inspirada com o interesse dele nessa conversa de adolescente. Comecei a analisar o tal, devia ter uns 19 anos? Não sei, sou péssima com idades alheias. Ele não me atraía muito, ta, pelo amor de Deus, eu tava gamada num outro tal aí, não poderia já sair me apaixonando por outro assim né? Tudo bem, eu poderia.
- muita coisa. Mais é uma plena e irracional criancice logo tem que passar! Não agüento mais.
Desabafei com um completo desconhecido. Isso é coisa minha mesmo, como se confiar em alguém que se acaba de conhecer? Essa pergunta nunca deve ser feita a mim, a não ser, que não queira coerência nenhuma. Enfim, eu viajo.
Dois meninos vieram em direção a nossa mesa, cochichando alguma coisa, não deviam se muito novos assim, talvez uns 15 ou 16 anos.
- oi gente, desculpa aí interromper, mais a gente já rodou tudo por aí. Cansamos. Mas, quer que a gente ande mais um pouquinho? Se liberar a grana nós poderíamos ir ao cinema.
Falou um loirinho com cabelos lisos, magro e de boa aparência, que estava todo risonho, soltando piadinhas e cutucando o outro que parecia ser mais novo.
Não consegui manter um sorriso por muito tempo, gostei de ter conhecido gente nova mesmo nesse dia que tudo resolveu acontecer, mas não ia conseguir ficar conversando por mais tempo. E minhas amigas estavam vindo o mais rápido possível pelo fato dos meninos estarem perto de mim. Cheguei a achar um pouco de graça nisso.
- oi amiga, nem apresenta os amigos hein.
Tagarelou July.
Não consegui conter uma risada.
- bom, nem eu fui apresentada, acabei de conhecê-los.
Eu realmente nem tinha percebido que não me apresentei. Aliás, ninguém se apresentou por aqui, e ele foi logo falando.
- ah, desculpa. Meu nome é Rafael. E esses são meus primos Caio e Marcos.
Ah sim, Caio era o loirinho fofo, e Marcos o moreninho lindinho, que interessante, família bonita, se fosse um outro dia eu estaria mais eufórica que nunca, e ninguém me faria arredar o pé dali, mas não hoje. Eu estava de luto. Luto pela morte do meu amor platônico pelo desconhecido, estava dando adeus ao garoto comprometido, que não me dava à mínima, e estava me libertando para um novo amor que pudesse ser correspondido.
- pronto. Estamos todos apresentados, mas, eu tenho que ir agora meninas, mas eu acabei de saber que eles querem ir ao cinema também, assim vocês poderiam se conhecer melhor, minha mãe não para de ligar e vocês sabem como é não é?
Falei dando um tom que eu estava certa do que queria, e pra minhas amigas isso bastava.
- bom se vocês quiserem estamos indo ao cinema mesmo.
Falou o loirinho despojado.
Malu estava em plena euforia como eu deveria estar, achei que seria ótimo pra elas.
- bom eu vou deixar vocês irem ao cinema e vou com ela pode ser? Não agüento mais andar nesse shopping.
Disse Rafael olhando pra mim, talvez se perguntando se eu o reprovaria. Fiz cara de paisagem, não tinha uma expressão melhor.
- por mim tudo bem.
Disse Marcos todo feliz.
- ah, por mim também ficaria, você vai ficar bem amiga?
Malu olhou dentro dos meus olhos pra averiguar se eu não mentia quanto a querer ir embora.
- sim. Vou ficar ótima. Tenho tantas coisas pra colocar em dia.
Então todos decidiram, se despediram e foram andando, contando coisas e fazendo gestos, eu fiquei acompanhada do Rafael, que me impediu de colocar os fones de ouvidos e ir viajando até o ponto de ônibus.
Fomos descendo as escadas rolantes, e eu não dizia uma palavra, ficava apenas com cara de paisagem e fitava o nada. Mas ele, ele não. Ele ficava me olhando, me encarando, me averiguando, me medindo. Nossa, a
final de contas, eu não fazia a menor ideia de quem era esse garoto, não é mesmo? Estremeci.
continua...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

inesperado;

Seria possível? Andar durante quarenta míseros minutos, por culpa de um completo desconhecido comprometido? E pior de tudo, o tal nem nota sua presença completamente em choque. Não me agüentavam mais, enquanto as músicas nos fones de ouvidos não me faziam mais voar, meus pensamentos estavam desorganizados por completo, andei na esperança de não ter que encontrá-lo novamente pelo caminho, eu não suportaria. Emmy, credo! Que melancolia! Há vários tipos de garotos cabeludos, surfistinhas, esnobes, engraçados, surpreendentes e sem noção espalhados pelo mundo, ainda a tempo de encontrar o seu, não é mesmo? Sem melancolia por aqui, é claro que eu não esperava encontrá-lo no bendito ônibus em plena fuga, porém agora, pelo menos posso desistir por algum motivo, ele tem uma namorada, e não pelo simples fato de que: “Ele não está nem aí pra mim”. Finalmente cheguei ao shopping. E lá estavam minhas amigas com cara de quem esperou por horas meu atraso básico. Mas eu tenho as melhores amigas do mundo, daquelas que você não precisa dizer que alguma coisa aconteceu, precisa simplesmente chegar.
- Que viajem foi essa? O que aconteceu amiga?
Malu se atirava em perguntas. Minha feição devia mesmo ser a das piores, não esperava por tudo isso numa fuga.
- ele estava no mesmo ônibus, de novo, com acompanhante vip e tudo. Foi a pior cena que eu já vi.
Enquanto eu falava as lágrimas retornavam, e meu estômago revirava, não queria ter esses sentimentos. Afinal todos esperam por finais felizes e não por caras comprometidos que não te dão à mínima.
- Amiga, podemos ir ao cinema porque aquele filme lindo que você estava super afim de ver está em cartaz.
July sempre propunha as melhores decisões a serem tomadas, mas essa não era nem minha primeira opção.
Eu não teria a menor capacidade de ver um filme, com casais lindos e finais felizes, meu corpo dilacerado por um estranho me impedia de chegar a uma sala de cinema pra ver um filme romântico. E como ótimas amigas que tenho, elas tiveram a ótima ideia.
- poderíamos fazer compras pra esquecer esse tal. E depois noite do pijama na casa da Malu.
- pelo menos na companhia de vocês eu me sinto bem melhor. Falei sem entusiasmo.
Não era um dia bom para compras, eu queria mesmo era afogar minhas mágoas pelo estranho longe de todos, compramos poucas coisas, e deixei que as meninas aproveitassem mais, afinal estava um dia lindo pra compras, e o shopping estava muito interessante, me sentei na praça de alimentação e as deixei andar por um tempo sem mim.
Já é de se esperar que tudo aconteça com a minha pessoa, mais tudo em um só dia?
Eu estava sentada com uma lata de refrigerante na mão, e com os fones de ouvidos tentando me desvencilhar, quando se sentou alguém do meu lado, antes que eu pudesse dizer alguma coisa pra evitar.


continua...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

mente insana;

Tudo bem, ele não me deve satisfações, eu não devo satisfações a ele, logo não nos devemos satisfações. Então meus sentimentos deveriam vir a mim cara a cara e dizer: - ADEUS! Pena que meus devaneios sejam tão insanos e imaginários. Ele estava lá, naquele mesmo banco que gosto de sentar todas às vezes, e para meu desequilíbrio físico e mental, ele não estava sozinho. Pele morena clara bronzeada de sol, cabelos cacheados pretos longos, um sorriso de botar inveja, e um estilo próprio aceitável. Ele estava completamente concentrado nela, não desviou os olhos nem por um minuto enquanto falava e a acariciava. Meu lapso momentâneo durou longos minutos observando aquela cena, fazendo dilacerar cada pedaço do meu corpo, deixando meu rosto em brasa, minhas mãos dormentes e um nó na garganta, quando notei o olhar da estranha indo de encontro ao meu, estremeci, e me virei na velocidade da luz. Não havia lugar algum no mundo onde eu quisesse estar mais que o tão amado chão branco do meu banheiro, e me derramar em lágrimas até que não me restasse mais forças. Meus olhos se encheram d’água, e as lágrimas rolavam sem que eu pudesse impedi-las, meu coração acelerado de mais para que eu conseguisse controlar minha respiração, meus pés completamente imóveis para que eu conseguisse me mover e correr o máximo que eu pudesse. Eu simplesmente não movi um músculo, fechei os olhos em lágrimas tentando me focar na música que tocava no meu mp3, e tentei respirar fundo pra que alguma sanidade voltasse pro meu cérebro e coloquei os pensamentos em ordem. Pronto. Eu mereço, chorar, e quase ter uma síncope por alguém que não faz idéia que eu existo? Mais que raio coração fraco é esse? Emmy, se liga, a metade do seu cartão de crédito está em algum lugar por aí, e não é esse garoto! Certo! Tentei me manter estável, levantei, cambaleei, sacudi os cabelos, e puxei o sinal sem ter noção que ainda faltavam três pontos de fato, olhei fixamente aquela cena outra vez, e desci.
continua...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

balde d'água;

E tudo enfim daria certo. Hã? Acordei com essa frase na mente. Sabe quando ser quer muito lembra um sonho, que parece ter sido perfeito e não consegue de forma alguma? Pois bem, me senti assim. Não faz sentido criar alguma expectativa com “ele” não é mesmo? Então bola pra frente Emily, vou ligar pra algumas amigas e sair pra refrescar a cabeça, assim encontrar pessoas novas, e quem sabe eu não o esqueço de vez. Pensamento inútil.
Liguei pra Malu e pra July, marcamos de irmos ao shopping, o tempo estava perfeito. Shortinho, blusa descolada, óculos escuros e bolsa. Já saí faltando quinze minutos do horário marcado, isso quer dizer, falação no ouvido quando chegar e as meninas estiverem me esperado por horas. De certo modo, meu ímpeto exagerado era normal para minhas amigas, porém era tão mais difícil quando se tratava de mãe. Levei horas pra convencê-la que só iria gastar o necessário no cartão de crédito, e mesmo assim ela ainda me barrava, mas meu poder de persuasão fez com que ela me deixasse sair antes que as meninas tivessem uma sincope de tanto me esperar. Talvez eu já estivesse traumatizada com ônibus, era de praxe tremer quando avistava um, esse “tal” está me deixando louca. Hey, prometi a mim mesma não falar mais nele. Já chega.
Subi no ônibus como de costume toda nas nuvens com meu mp3, não prestando muita atenção nas coisas. Eu sempre gosto de sentar no último banco, o mais alto, mas ele estava ocupado e eu nem reparei as pessoas que estavam no ônibus como fazia de costume estava mesmo disposta a ficar livre de pensamentos rotineiros. Me sentei lá na frente, coisa que eu odiava fazer, fiquei gesticulando uma música do forfun que tocava no meu mp3, e não sei porque razão inútil tive que me virar pra trás. Mas eu virei, e meu corpo ficou altamente congelado com a cena que eu avistava agora, meus olhos se encheram d’água, minhas mãos suaram frio, tudo desabou na minha cabeça.
continua...

sábado, 3 de outubro de 2009

o melhor é sorrir;

No ônibus eu tentava me conter pra não dar muita bandeira. Sentei dois bancos atrás dele, do lado oposto, só tinha esse lugar vago. Ele colocou os fones de ouvidos, e ficou gesticulando algum tipo de rock, batendo com as mãos em sua mochila num ritmo contínuo, não conseguia desviar o olhar, meus olhos me traíam de tal forma, que eu ficava com raiva de mim. Nossos olhos se encontravam em alguns momentos, que me constrangiam. Imagina o que ele devia estar pensando de mim? Essa garota nunca viu homem não? Não gostaria de presenciar esse pensamento. Me desliguei completamente do mundo com meu devaneio louco e entorpecido que quase passei do ponto. Levantei num estalo e me coloquei de pé às pressas, me segurei com toda força pra não causar outro estrago como da última vez, e andei até a porta, quando me dei conta que minha pasta onde estava meu trabalho de português tinha ficado no banco com minha pressa e minha compulsão desajeitada. Sim. Agora só a morte não seria suficiente, seria possível não se completamente imbecil na frente dele? Não havia jeito, ele sempre lembraria de uma idiota que ficava embasbacada toda vez que o via, e que tinha mais facilidade de cometer idiotices quanto a um bebê de um ano. Meus olhos passaram nos dele enquanto eu encontrava uma saída menos perceptiva, tentei interagir com o motorista para que ele me esperasse, mais ele ia passando do meu ponto, porque por um colapso momentâneo no meu cérebro eu não puxei a cordinha, então não me restava alternativa. Gritei:
- páaara motoristaaa eu vou desceeer!
Senti uma quentura dilacerando meu rosto com todos os olhares ao mesmo tempo em mim. Com a freada repentina, arranquei alguns passos a frente e consegui um hematoma novo, minha pasta voou e caiu no chão, e algumas das muitas pessoas reclamaram e murmuraram a minha lerdeza. Sim. Eu queria sair correndo e gritando. Quando ele se aproximou de mim e disse:
- ei. Sua pasta, vai ele está esperando você descer. Até mais.
Desci completamente desnorteada, e parei olhando o ônibus partir, e nossos olhos ficaram fixos um no outro por algumas frações de segundos. Dei um meio sorriso pra mim mesma, e me virei em direção à rua da escola. Não conseguia parar de rir sozinha pela rua. Não parava de passar pela minha cabeça o fato de tudo sempre acontecer comigo, e de uma forma tão errada, tão estranha e imbecil, que de tão imbecil chega a ser engraçada, e não havia outra forma de encarar a não ser sorrindo.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

insana;

Ele se aproximou de mim, como qualquer outra pessoa que fosse esperar um ônibus, gostaria de um buraco para enfiar minha cabeça naquele momento, tentava me manter olhando pro horizonte de onde vinha o ônibus, mas meus olhos me traíam a cada segundo, me fazendo vacilar o olhar. Droga, eu já estava impaciente, e o ônibus? Onde se enfiou logo agora, quando se precisa dele? Ele veio andando alguns passos na minha direção, meu coração parecia um zunido, com batimentos tão fortes.
- oi.
O que “oi”? Meu cérebro era inútil de mais pra responder a um simples “oi”. Revirei o que restava da minha consciência procurando alguma palavrinha coerente.
- eer... oi!
Nossa! Até ele se espantou com meu “oi” gritante.
- é aqui mesmo que passa o ônibus não é?
- é...é...é sim!
Não adiantava, eu dizia ao meu cérebro: diz alguma coisa coerente, sem gaguejar sua ameba, mais ele me ignorava completamente e eu agia feito uma completa idiota na frente do menino mais lindo do mundo. Queria morrer.
- não entendo a demora. Sempre pego nessa mesma hora. Vou me atrasar.
- hummm.
Uma pessoa em sã consciência diria algo mais não é. Acabo de perceber que a sanidade passa longe de mim. Fez-se um longo período de silêncio constrangedor, olhava tudo que havia ao meu redor, uma senhora levando seu netinho para a escola, um menino passando de bicicleta, um frear de um carro apressado. Minhas mãos estavam em pânico, como se eu fora cometer o mais hediondo dos crimes, suavam sem parar, não havia uma posição que meus pés se sentissem confortáveis, estava a ponto de um desmaio. Quando, avistamos juntos, o ônibus. Ambos suspiramos de alívio. Queria imaginar o que deveria estar passando pelos pensamentos dele. Melhor não.
continua...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

que coisa não;

Os dias seguiam novamente naquela monotonia de sempre, ir pra escola era sempre bom, tinha em minha mente uma visão do quer poderia acontecer se o visse de novo, talvez eu realmente pudesse pegar seu telefone, ou seu msn, meu Deus, o que eu estava falando, eu nunca o veria de novo, tentei pegar o ônibus no mesmo horário pra tentar um encontro forçado, mais nada adiantava, ele não aparecia, e talvez nunca mais aparecesse.
Porque era tão difícil quando se tratava de um amor ao acaso, uma aventura amorosa, ou qualquer outra história de amor se tratando de mim? Eu não era suficientemente boa pra esse papel? Porque não dava certo? Parei. Eu não vou ficar me martirizando com uma coisa dessas, uma hora há de acontecer algo que preste, como sempre acontece comigo não é mesmo, não sei pra que tanta ansiedade, pensava comigo mesma.
Já me arrumava pra escola quando percebi que já estava atrasada, como sempre, as vezes eu mesma me irritava por me atrasar tanto ara ir aos lugares, enfim. Andei até a parada do ônibus com os fones nos ouvidos como de costume, avistei o ônibus e me preparei para dar o sinal, quando o vi, era ele eu tinha toda certeza, não havia alguém com tamanha semelhança, ou graça igual, ele era lindo! Eu me odeio, fato. Perdi a porcaria do ônibus debruçada numa apaixonite por alguém que eu não fazia a menor idéia de quem poderia ser. Essas coisas só acontecem comigo? Não seria possível não é.
continua...

domingo, 6 de setembro de 2009

carambaa;

Não consegui me concentrar enquanto ele se negava a ver que eu era a pessoa mais estabanada e desiquilibrada do mundo, ele ria com uma ironia interessante diante da cituação, algumas pessoas reclamando em volta pela freada do motorista tão de repente, e ele, parecendo nem se importar com tudo a volta, simplesmente me dizendo que não houve mal algum em eu ter me estabacado no colo dele. Me senti um tanto mais relaxada, porém desci sem dizer adeus, apenas olhando aquele rostinho lindo na luz e no calor do sol, eu poderia rir a tarde inteira, poderia sonhar por semanas, mais nada faria com que eu conseguisse saber de onde saiu aquela beldade.
- eu nunca o vi, tenho certeza!
tentava dizer pra Malu, que me enchia de perguntas enquanto eu explicava os fatos.
- mais nem pra ter pego o telefone dele? o msn? o orkut?
Malu geralmente se colocava no meu lugar, o de responder minhas peruguntas, porém nunca tinha notado quanto era intediante ouvir.
- nãao Malu! eu não fazia ideia, eu simplesmente caí.
o sinal de entrada tocou.
De certo prestar atenção na aula com aquela cena pairada sobre o ar e minha mente não era algo que eu conseguise controlar, não fiz a menor ideia do que o professor disse, nem qual matéria nova teria que pesquizar sozinha sem a ajuda dele, mas de um coisa eu estava certa, queria muito voltar a ver aquele rosto de novo, poderia até me desequilibrar de propósito da próxima vez, talvez ele pudesse me notar, ou me levar para um tratamento psicológico contra desiquilibrados, não importa, o que importava era vê-lo novamente, conhecê-lo.

continua...

domingo, 30 de agosto de 2009

desequilíbrio;

Paft’ – tanto esforço pra me segurar, pra quê? Nada. Caí. Não me dei conta do que estava acontecendo com a gritaria do motorista do Ônibus que eu estava discutindo com o motorista de uma Van, onde levava estudantes de jardim de infância. Quando me dei conta de que estava simplesmente sentada no colo de alguém. Será que todo o desequilíbrio humano do mundo tem que ser concentrado apenas em mim? Não haveria alguns quinhentos mil indivíduos pra dividir o desequilíbrio? Poderia haver. Com toda certeza meu rosto estava completamente corado, roxo de vergonha, com a cena que se passava, tentei não pensar o pior, o que ele poderia estar pensando? Levantei.
- desculpe! Desculpe! Desculpe!
Agora sim, eu poderia pular de um penhasco talvez, seria menos humilhante, do que uma pessoa não conseguir se equilibrar em suas próprias pernas.
- tudo bem, não foi nada.
Disse a voz maravilhosa na minha frente enquanto eu me endireitava e arrumava meu cabelo. Quando parei para prestar atenção no que se passava, ele estava lá sentado, todo lindo. Nem sei porque eu me dei ao trabalho de gravar aquele rosto, que eu jamais tinha visto. E foi a única coisa estúpida que eu disse, desculpe.


continua...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

divirta-se;

Cabelos pretos num liso forçado até a metade das costas, pele morena clara, um rostinho de menina mimada, na mochila alguns livros, canetas coloridas, e minhas histórias malucas e complicadas, meu nome é Emily. Sai portão a fora na rotina diária de ir para escola. Eu sempre fui muito atrasada, chegar no horário marcado nunca fora meu forte, andava num passo apressado até o ponto de ônibus, coisa que eu odiava fazer, era pegar um ônibus, no qual tinha que me manter equilibrada até a escola, pois na hora do rush, todos os lugares já estavam ocupados, e eu me concentrava em ficar de pé, era a única meta até meu destino, embora meus fones de ouvidos me distraíssem do mundo a minha volta, eu tentava me convencer de que meu déficit de equilíbrio não me faria ser o centro das atenções, embora as curvas e o motorista não contribuíssem muito para isso, me agarrei firme nas barras do ônibus e segui viajem. Não sei porque continuava sem desgrudar do meu mp3 dessa forma, ele me traia de mais pra uma jovem que pretende ter uma vida longa, sem perceber que tinha parado de colocar toda minha força em minhas mão para segurar as barras, o motorista freou na tentativa de não causar um acidente terrível, sem ter a menor idéia de que aquela atitude mudaria muitas vidas naquele ônibus, incluindo a minha.



continua...

sábado, 15 de agosto de 2009

Se liga;

Engraçado, é tão estranho quando você se pega em pensamentos tais como: ah, meus amigos. Seus melhores amigos, pessoas nas quais você divide seu presente, divide seu passado, e pretende dividir seu futuro não importa como. A vida não tem nenhuma preliminar, ela simplesmente se lança e acontece, por isso cada oportunidade é de extrema importância pra nós. "o que vai ficar na forografia, são os laços invisíveis que haviam", e há, são tantos os laços que nos flagramos em um desses pensamentos desvairados, estranho como se pensar dessa forma ajudasse, não é mesmo? Amigo é coisa pra se guardar pra sempre! Não espere o pior, com medo de se decepcionar, de lança, porque o vento leva e traz, e faz o que quiser se deixarmos! viva a vida, porque ela é linda; sorria!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Infância;

Sabe, uma vez sentada num tronco de uma árvore no jardim do sítio do meu avô, vi umas crianças brincando no sítio ao lado, correndo de um lado para outro, sorrindo, gargalhando, caindo e levantando, fiquei por alguns tempo fitando-os, era tão interessante ver os laços invisíveis daquela corrente que os unia, criança tem esse dom, que nenhum adulto jamais terá, o dom de rir a toa, sem se preocupar com o dia de amanhã, nas contas de amanhã, só uma criança tem essa percepção, a de olhar um inseto e se sentir a criança mais feliz do mundo com a nova descoberta, se satisfazer com pequenas coisas que a vida nos traz, só quando passamos dessa fase e paramos pra analizar, podemos perceber como é bom ser criança, ser criança é um dom que Deus nos deu, pra um dia olharmos pra traz e dizermos a famosa frase: "eu era feliz e não sabia", a qual faz toda diferença no nosso mundo de loucos que quando se é criança, você viver nele e nem tão pouco consegue perceber. Ser criança é tão bom, libertar a criança que há dentro de nós as vezes é uma limpeza da alma, porque é algo puro e lindo, liberte-se de si mesmo e viva. Pense bem, faz todo o sentido!

domingo, 9 de agosto de 2009

lindo de viver :-)

Nem acreditei no que meus olhos viram, incrível, "como posso dizer que o amor é cego, se na troca dos nossos olhares me apaixonei". Ele estava lá, sentado, fitando o nada, quando o vi, cabelos preto liso, olhos claros, pele branca, um rosto tão familiar pra mim, como se nos conhecessemos há anos, uma troca de olhares foi o suficiente pra me deixar sem ar, e alterar meus batimentos cardíacos, como pode? um simples olhar. Minha vida mudou completamente, com apenas um olhar, e cada dia e noite meus pensamentos pairavam sobre minha cabeça, e eu me perguntava se realmente haveria um final feliz pra essa história. percebi que a melhor opção é VIVER, e por isso e história se torna mais emocionate a casa dia, incrível né!
A história fica maiis interesante cada dia, tô louca pra contaar.

;*

sentimentos;

Sabe, sentir é uma coisa um tanto estranha, cada sentimentos nos surge do nada, ficamos meio afoitos, choramos, pulamos, gritamos, dançamos, pensamos, ignoramos, amamos, rejeitamos, nos arrependemos, todos esses sentimentos entre outros no faz ser quem somos, complicados, irritados, risonhos, carinhosos, compreensivos, extressados, porém conseguimos levar nossas vidas a diante, cada passo um vitória ou uma decepção que nos faz querer viver com mais garra a cada momento. Um sentimento é tão estranho quanto tê-lo, mas é de um poder inebriante.
Viva cada dia intensamente como se fosse o último, caminhe até o final da praia se sempre teve essa vontade, dê um abraço apertado, corra, grite, chore, dance, faça o que seu coração quer, e te pede com fervor, conte aquele segredo mesmo que seja pro seu diário, peça conselhos, dê conselhos, sorria, porque sorrir é o bom da vida, se jogue de cabeça no seu objetivo e conseguirá alcança-lo, peça desculpa a seus pais, ajude seu irmão menor a fazer a lição de casa, ligue pro seu pai ou pra sua mãe, nem que seja pra dizer um oi, quando acordar estique os braços e agreça por mais um dia de viver, e lembre-se: " a vida é uma peça de teatro da qual não se permite ensaios, portanto faça dela algo que ao fim, ela termine com muitos aplausos".