quarta-feira, 28 de outubro de 2009

inesperado;

Seria possível? Andar durante quarenta míseros minutos, por culpa de um completo desconhecido comprometido? E pior de tudo, o tal nem nota sua presença completamente em choque. Não me agüentavam mais, enquanto as músicas nos fones de ouvidos não me faziam mais voar, meus pensamentos estavam desorganizados por completo, andei na esperança de não ter que encontrá-lo novamente pelo caminho, eu não suportaria. Emmy, credo! Que melancolia! Há vários tipos de garotos cabeludos, surfistinhas, esnobes, engraçados, surpreendentes e sem noção espalhados pelo mundo, ainda a tempo de encontrar o seu, não é mesmo? Sem melancolia por aqui, é claro que eu não esperava encontrá-lo no bendito ônibus em plena fuga, porém agora, pelo menos posso desistir por algum motivo, ele tem uma namorada, e não pelo simples fato de que: “Ele não está nem aí pra mim”. Finalmente cheguei ao shopping. E lá estavam minhas amigas com cara de quem esperou por horas meu atraso básico. Mas eu tenho as melhores amigas do mundo, daquelas que você não precisa dizer que alguma coisa aconteceu, precisa simplesmente chegar.
- Que viajem foi essa? O que aconteceu amiga?
Malu se atirava em perguntas. Minha feição devia mesmo ser a das piores, não esperava por tudo isso numa fuga.
- ele estava no mesmo ônibus, de novo, com acompanhante vip e tudo. Foi a pior cena que eu já vi.
Enquanto eu falava as lágrimas retornavam, e meu estômago revirava, não queria ter esses sentimentos. Afinal todos esperam por finais felizes e não por caras comprometidos que não te dão à mínima.
- Amiga, podemos ir ao cinema porque aquele filme lindo que você estava super afim de ver está em cartaz.
July sempre propunha as melhores decisões a serem tomadas, mas essa não era nem minha primeira opção.
Eu não teria a menor capacidade de ver um filme, com casais lindos e finais felizes, meu corpo dilacerado por um estranho me impedia de chegar a uma sala de cinema pra ver um filme romântico. E como ótimas amigas que tenho, elas tiveram a ótima ideia.
- poderíamos fazer compras pra esquecer esse tal. E depois noite do pijama na casa da Malu.
- pelo menos na companhia de vocês eu me sinto bem melhor. Falei sem entusiasmo.
Não era um dia bom para compras, eu queria mesmo era afogar minhas mágoas pelo estranho longe de todos, compramos poucas coisas, e deixei que as meninas aproveitassem mais, afinal estava um dia lindo pra compras, e o shopping estava muito interessante, me sentei na praça de alimentação e as deixei andar por um tempo sem mim.
Já é de se esperar que tudo aconteça com a minha pessoa, mais tudo em um só dia?
Eu estava sentada com uma lata de refrigerante na mão, e com os fones de ouvidos tentando me desvencilhar, quando se sentou alguém do meu lado, antes que eu pudesse dizer alguma coisa pra evitar.


continua...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

mente insana;

Tudo bem, ele não me deve satisfações, eu não devo satisfações a ele, logo não nos devemos satisfações. Então meus sentimentos deveriam vir a mim cara a cara e dizer: - ADEUS! Pena que meus devaneios sejam tão insanos e imaginários. Ele estava lá, naquele mesmo banco que gosto de sentar todas às vezes, e para meu desequilíbrio físico e mental, ele não estava sozinho. Pele morena clara bronzeada de sol, cabelos cacheados pretos longos, um sorriso de botar inveja, e um estilo próprio aceitável. Ele estava completamente concentrado nela, não desviou os olhos nem por um minuto enquanto falava e a acariciava. Meu lapso momentâneo durou longos minutos observando aquela cena, fazendo dilacerar cada pedaço do meu corpo, deixando meu rosto em brasa, minhas mãos dormentes e um nó na garganta, quando notei o olhar da estranha indo de encontro ao meu, estremeci, e me virei na velocidade da luz. Não havia lugar algum no mundo onde eu quisesse estar mais que o tão amado chão branco do meu banheiro, e me derramar em lágrimas até que não me restasse mais forças. Meus olhos se encheram d’água, e as lágrimas rolavam sem que eu pudesse impedi-las, meu coração acelerado de mais para que eu conseguisse controlar minha respiração, meus pés completamente imóveis para que eu conseguisse me mover e correr o máximo que eu pudesse. Eu simplesmente não movi um músculo, fechei os olhos em lágrimas tentando me focar na música que tocava no meu mp3, e tentei respirar fundo pra que alguma sanidade voltasse pro meu cérebro e coloquei os pensamentos em ordem. Pronto. Eu mereço, chorar, e quase ter uma síncope por alguém que não faz idéia que eu existo? Mais que raio coração fraco é esse? Emmy, se liga, a metade do seu cartão de crédito está em algum lugar por aí, e não é esse garoto! Certo! Tentei me manter estável, levantei, cambaleei, sacudi os cabelos, e puxei o sinal sem ter noção que ainda faltavam três pontos de fato, olhei fixamente aquela cena outra vez, e desci.
continua...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

balde d'água;

E tudo enfim daria certo. Hã? Acordei com essa frase na mente. Sabe quando ser quer muito lembra um sonho, que parece ter sido perfeito e não consegue de forma alguma? Pois bem, me senti assim. Não faz sentido criar alguma expectativa com “ele” não é mesmo? Então bola pra frente Emily, vou ligar pra algumas amigas e sair pra refrescar a cabeça, assim encontrar pessoas novas, e quem sabe eu não o esqueço de vez. Pensamento inútil.
Liguei pra Malu e pra July, marcamos de irmos ao shopping, o tempo estava perfeito. Shortinho, blusa descolada, óculos escuros e bolsa. Já saí faltando quinze minutos do horário marcado, isso quer dizer, falação no ouvido quando chegar e as meninas estiverem me esperado por horas. De certo modo, meu ímpeto exagerado era normal para minhas amigas, porém era tão mais difícil quando se tratava de mãe. Levei horas pra convencê-la que só iria gastar o necessário no cartão de crédito, e mesmo assim ela ainda me barrava, mas meu poder de persuasão fez com que ela me deixasse sair antes que as meninas tivessem uma sincope de tanto me esperar. Talvez eu já estivesse traumatizada com ônibus, era de praxe tremer quando avistava um, esse “tal” está me deixando louca. Hey, prometi a mim mesma não falar mais nele. Já chega.
Subi no ônibus como de costume toda nas nuvens com meu mp3, não prestando muita atenção nas coisas. Eu sempre gosto de sentar no último banco, o mais alto, mas ele estava ocupado e eu nem reparei as pessoas que estavam no ônibus como fazia de costume estava mesmo disposta a ficar livre de pensamentos rotineiros. Me sentei lá na frente, coisa que eu odiava fazer, fiquei gesticulando uma música do forfun que tocava no meu mp3, e não sei porque razão inútil tive que me virar pra trás. Mas eu virei, e meu corpo ficou altamente congelado com a cena que eu avistava agora, meus olhos se encheram d’água, minhas mãos suaram frio, tudo desabou na minha cabeça.
continua...

sábado, 3 de outubro de 2009

o melhor é sorrir;

No ônibus eu tentava me conter pra não dar muita bandeira. Sentei dois bancos atrás dele, do lado oposto, só tinha esse lugar vago. Ele colocou os fones de ouvidos, e ficou gesticulando algum tipo de rock, batendo com as mãos em sua mochila num ritmo contínuo, não conseguia desviar o olhar, meus olhos me traíam de tal forma, que eu ficava com raiva de mim. Nossos olhos se encontravam em alguns momentos, que me constrangiam. Imagina o que ele devia estar pensando de mim? Essa garota nunca viu homem não? Não gostaria de presenciar esse pensamento. Me desliguei completamente do mundo com meu devaneio louco e entorpecido que quase passei do ponto. Levantei num estalo e me coloquei de pé às pressas, me segurei com toda força pra não causar outro estrago como da última vez, e andei até a porta, quando me dei conta que minha pasta onde estava meu trabalho de português tinha ficado no banco com minha pressa e minha compulsão desajeitada. Sim. Agora só a morte não seria suficiente, seria possível não se completamente imbecil na frente dele? Não havia jeito, ele sempre lembraria de uma idiota que ficava embasbacada toda vez que o via, e que tinha mais facilidade de cometer idiotices quanto a um bebê de um ano. Meus olhos passaram nos dele enquanto eu encontrava uma saída menos perceptiva, tentei interagir com o motorista para que ele me esperasse, mais ele ia passando do meu ponto, porque por um colapso momentâneo no meu cérebro eu não puxei a cordinha, então não me restava alternativa. Gritei:
- páaara motoristaaa eu vou desceeer!
Senti uma quentura dilacerando meu rosto com todos os olhares ao mesmo tempo em mim. Com a freada repentina, arranquei alguns passos a frente e consegui um hematoma novo, minha pasta voou e caiu no chão, e algumas das muitas pessoas reclamaram e murmuraram a minha lerdeza. Sim. Eu queria sair correndo e gritando. Quando ele se aproximou de mim e disse:
- ei. Sua pasta, vai ele está esperando você descer. Até mais.
Desci completamente desnorteada, e parei olhando o ônibus partir, e nossos olhos ficaram fixos um no outro por algumas frações de segundos. Dei um meio sorriso pra mim mesma, e me virei em direção à rua da escola. Não conseguia parar de rir sozinha pela rua. Não parava de passar pela minha cabeça o fato de tudo sempre acontecer comigo, e de uma forma tão errada, tão estranha e imbecil, que de tão imbecil chega a ser engraçada, e não havia outra forma de encarar a não ser sorrindo.