segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

desnorteada;

Cheguei perto de um desmaio sim, porem não desmaiei. Um tanto estranho não é mesmo? Achei que meu dia não poderia piorar, e sou pega em flagra, escute bem, “em flagra”, pela namorada de um desconhecido que agora fazia um pequeno escândalo diante do shopping inteiro, - Ora faça-me o favor! Resmungava meu eu dentro de minha mente num espasmo de irritação comigo mesma.
- Emmy! Vamos embora, os meninos cuidarão da “menina barraco”.
Dizia July com cara de quem comeu alguma coisa estragada, e não se sentia bem.
A essa altura o pequeno tumulto tinha se diluído, eu, minhas amigas e os dois primos bonitinhos do Rafael estávamos perto do pequeno chafariz no pátio do shopping, embora o nome chafariz não significasse nada porque não saia uma gota sequer de água daquela joça, eu estava completamente atordoada, e gostaria que já tivessem inventado os teletransportes, porque não agüentava mais toda essa loucura, toda minha paciência e bom humor se fora, e eu estava exausta. Nem pude notar os olhares de Malu tentando me dizer que estava interessada no lindo Caio, e ficava fazendo algum tipo de careta com expressões que pelo amor de Deus, eu não conseguiria identificá-las com essa bagunça a nossa volta. Enfim me levantei decidida, a fim de ir para casa quer alguém me acompanhasse ou não.
- vamos!
Falei por fim.
- Esqueça-os por aí tentando acalmar essa louca, porque eu já me cansei.
Minha irritação fez com que as meninas se pusessem de pé ao meu lado, mesmo Malu de má vontade, desejando ficar. Nos despedimos deles, enquanto Malu pegava o MSN de Caio, eu fitava a cena de discussão entre Rafael e a “menina barraco” perto de uma loja onde as vendedoras pareciam se divertir em apostar a reconciliação deles. Quando Malu e July vieram, virei-me para os primos bonitinhos e acenei, dei uma última olhada para o casal “barraco” e fomos andando.
- aaah! Ele é tão lindo!
Berrava Malu encantada, eufórica e entusiasmada.
- sim ele realmente é.
Tentei ser animadora, mas não me saíra bem, afinal de contas eu não teria de me sair não é mesmo? Ora, que belo dia eu tive não foi? Fomos andando até o ponto de ônibus. Eu me encontrava em completo silêncio (coisa difícil de se imaginar, porém era o que realmente acontecia) mas Malu tagarelava falando de como Caio era lindo e o que diria a ele quando conversassem pelo MSN, assim preenchendo todo o espaço deixado vazio por palavras minhas, July apenas prestava atenção e curtia o entusiasmo de Malu. Não pegávamos os mesmos ônibus porque morávamos em locais completamente diferentes, mas no mesmo ponto passavam os respectivos para cada uma de nós. Me encostei na armação de ferro que segurava um toldo branco para proteger as pessoas do sol, e percebi que começara a viajar, perdendo completamente o que se passava ao meu redor, e quando o ônibus de July se aproximou só pude lhe dar um tchauzinho alarmado depois dos gritos de Malu para me avisar que ela ia embora.
- Emmy você precisa esquecer esse imbecil.
Dizia ela praticamente me sacudindo pelos ombros.
Arregalei os olhos, mas sem ter ainda algum entendimento do que se passava. Eu não queria que Malu me perturbasse apesar de esse ser o meu papel, afinal eu costumava perturbar Malu e July com meus ataques de histeria, sobre meninos e compras. Agora eu sabia como era definitivamente.
- você não vai chegar em casa e se empanturrar com chocolate e ficar quinze quilos mais gorda vai?
Tagarelava ela. Eu realmente poderia fazer isso, o que eu tinha a perder? Malu quase perdera o ônibus por ficar me perturbando com suas tagarelices. E saiu correndo gritando:
– tchaaau! Não vá ficar como uma baleia hein!
Então fiquei lá, sozinha, fitando o nada, e com preguiça até de ouvir música, (nossa! Eu realmente estava péssima) e finalmente avistei meu ônibus, e com uma reviravolta no estômago pelo meu súbito pânico tipo “ônibusfobia” suspirei alta e relaxadamente e subi.


continua...

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