sábado, 3 de outubro de 2009

o melhor é sorrir;

No ônibus eu tentava me conter pra não dar muita bandeira. Sentei dois bancos atrás dele, do lado oposto, só tinha esse lugar vago. Ele colocou os fones de ouvidos, e ficou gesticulando algum tipo de rock, batendo com as mãos em sua mochila num ritmo contínuo, não conseguia desviar o olhar, meus olhos me traíam de tal forma, que eu ficava com raiva de mim. Nossos olhos se encontravam em alguns momentos, que me constrangiam. Imagina o que ele devia estar pensando de mim? Essa garota nunca viu homem não? Não gostaria de presenciar esse pensamento. Me desliguei completamente do mundo com meu devaneio louco e entorpecido que quase passei do ponto. Levantei num estalo e me coloquei de pé às pressas, me segurei com toda força pra não causar outro estrago como da última vez, e andei até a porta, quando me dei conta que minha pasta onde estava meu trabalho de português tinha ficado no banco com minha pressa e minha compulsão desajeitada. Sim. Agora só a morte não seria suficiente, seria possível não se completamente imbecil na frente dele? Não havia jeito, ele sempre lembraria de uma idiota que ficava embasbacada toda vez que o via, e que tinha mais facilidade de cometer idiotices quanto a um bebê de um ano. Meus olhos passaram nos dele enquanto eu encontrava uma saída menos perceptiva, tentei interagir com o motorista para que ele me esperasse, mais ele ia passando do meu ponto, porque por um colapso momentâneo no meu cérebro eu não puxei a cordinha, então não me restava alternativa. Gritei:
- páaara motoristaaa eu vou desceeer!
Senti uma quentura dilacerando meu rosto com todos os olhares ao mesmo tempo em mim. Com a freada repentina, arranquei alguns passos a frente e consegui um hematoma novo, minha pasta voou e caiu no chão, e algumas das muitas pessoas reclamaram e murmuraram a minha lerdeza. Sim. Eu queria sair correndo e gritando. Quando ele se aproximou de mim e disse:
- ei. Sua pasta, vai ele está esperando você descer. Até mais.
Desci completamente desnorteada, e parei olhando o ônibus partir, e nossos olhos ficaram fixos um no outro por algumas frações de segundos. Dei um meio sorriso pra mim mesma, e me virei em direção à rua da escola. Não conseguia parar de rir sozinha pela rua. Não parava de passar pela minha cabeça o fato de tudo sempre acontecer comigo, e de uma forma tão errada, tão estranha e imbecil, que de tão imbecil chega a ser engraçada, e não havia outra forma de encarar a não ser sorrindo.

2 comentários:

  1. é incrivel né?! fazer papel de babaca é fácil, ficar como "menina legal" é sempre complicaaaaado demais kkkkk-.
    e aaah, viu onde foi que eu fui te achar? rsrs ;*

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  2. Que surpresa boa, hem!
    Achei ,muito agradável e doce por aqui.
    Voltarei sempre.
    bjs amor!
    ;*

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